Comunicar é a forma mais humana de transmitir informações, emoções, sentimentos e pensamentos. De facto, pode dizer-se que comunicar é vital para qualquer relação que estabelecemos, sendo a única forma de, verdadeiramente, nos conectarmos com o outro. Desta forma, torna-se ainda mais relevante comunicar (bem) com as pessoas que gostamos e que queremos por perto.
Contudo, comunicar nem sempre se revela uma tarefa fácil, podendo ser uma competência difícil de desenvolver – mais ainda quando tentamos comunicar com crianças e jovens. Neste campo, entra a necessidade de se ter coragem, comprometimento, empenho e – muita – curiosidade, para que se evite, tanto quanto possível, os efeitos de eventuais falhas de comunicação.
Na tentativa de se construírem e trabalharem laços através da partilha, urge procurar-se, por mais aflitivo que possa parecer, não ter temas proibidos nem considerados como tabu. Oferecer liberdade na partilha é muito importante, sendo que, só assim, é possível que surja conforto para se conversar sobre os mais variados temas.
Mas não só de conversa se faz uma comunicação. Realisticamente, a comunicação não verbal desempenha um papel muito relevante no nosso dia-a-dia, sendo interessante observar, em particular, nas crianças e jovens, as expressões corporais, faciais, musicais, artísticas, e até mesmo a forma como escolhem vestir-se e apresentar-se ao mundo (o que se liga, desde logo, ao espaço que lhes é concedido para serem criativos); importa, então, estar atento, sem julgamentos, mantendo-se – enfatize-se – a coragem de manter uma mente aberta e uma calma que permita o estado de prontidão para sermos surpreendido com o que nos poderão ter para dizer.
Ademais, importa levantar a máxima de “ouvir antes de falar” ou mesmo “antes de reagir”, e pensar durante todo este processo. Podemos sentir-nos incomodados, mas devemos procurar perceber se o problema se imputa ao outro, ou se estamos a utilizar a nossa escala própria de valores para medir outra pessoa que, ainda que possa ter valores semelhantes, tem vivências e experiências diferentes que moldam a sua forma de pensar – e, consequentemente, de comunicar e processar a comunicação.
Finalmente, para evitar quaisquer danos saídos do ato de comunicar, impera ter-se sempre em consideração que, independentemente da idade do interlocutor com o qual possamos trocar ideias, devemos sempre respeitá-lo, procurar uma conexão e, acima de tudo, oferecer compreensão. Se possível, procuremos colocar-nos no lugar do outro e idealizemos, com os seus olhos, quais as respostas que procuramos e os desafios que enfrentamos – e como os poderemos resolver.
Eliana Lage